7. Tentando uma síntese provisória

Tentando uma síntese provisória
Temos hoje uma situação no ensino superior em que ocorre o predomínio da transmissão de conhecimento de forma oral em aulas expositivas e a legitimação do discurso professoral como forma privilegiada de transmissão dos conhecimentos estabelecidos. Evidentemente há uma série de discussões sobre a (im)possibilidade de transmissão de conhecimentos e mesmo da existência ou não de um estoque de conhecimentos estabelecidos e que devam ser ensinados na educação superior. Contudo, independentemente dos achados das ciências da educação e da cognição sobre como se aprende, independentemente da importância, unanimemente reconhecida, do aprender a aprender, independentemente dos notáveis aportes das epistemologias construtivistas, é fato que, em cursos de graduação para formação de profissionais, há sim um conjunto previamente delimitado de conhecimentos que serão ensinados aos alunos em aulas expositivas com utilização de quadro-negro e apresentações multimídia. Assim sendo, parece bastante aceitável a proposição de Lyotard, já citada anteriormente, de que a política pedagógica universitária passa pela formulação de um conjunto coerente de respostas a perguntas do tipo “quem transmite? o quê? para quem? em que suporte? de que forma? com que efeito?”.
Temos também uma crescente insatisfação, por parte de professores, estudantes, especialistas e autoridades, em relação ao ensino existente. Nos últimos anos esta insatisfação tem sido acompanhada pela expectativa de que a resolução de parte dos problemas da educação superior se dará pela adoção massiva da EaD. Na comunidade de professores da Unisc envolvidos com EaD a educação a distância tem sido vista inclusive como uma possibilidade de catalisação de mudanças substanciais também nas práticas acadêmicas na sala de aula presencial8.
Contudo, para poder potencializar mudanças na prática do professor a partir da EaD e orientar futuros cursos de capacitação de professores é preciso ter claros os objetivos da educação superior, ter claro o que se quer transmitir e como se concebe o conhecimento e a aprendizagem, assim como ter claras as diferenças entre a educação presencial e a EaD.
Eu destacaria como principais diferenças o aspecto assíncrono da EaD e o fato de suas comunicações serem baseadas na escrita, em oposição à instantaneidade e oralidade da aula presencial. Esta distinção permite pensar o que se exige do professor em cada situação, bem como comparar os efeitos e a eficácia das duas formas9.
Aceitando-se que a esmagadora predominância da oralidade e da aula expositiva são problemas a resolver nos cursos de graduação no Brasil, seria então o caso de estudar em detalhes o papel/lugar do professor nas propostas de EaD baseadas na interatividade, na comunicação escrita e na aprendizagem colaborativa para tentar transpor para a educação presencial algumas destas caraterísticas, de forma a podermos chegar a uma aula universitária que seja um momento de chegada para uma série de interrogações e ponto de partida para outros tantos questionamentos, e na qual o estudante e o professor tenham papéis ativos na construção de formas colaborativas de aprendizagem.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s