Sobre a formação de professores das grandes universidades do ocidente. Sobre a importância da pedagogia crítica na formação de professores nestas universidades. Sobre a importância de Paulo Freire para a formação de professores nestas universidades. Sobre o que se espera de bom professor. Sobre o que é excelência no ensino. Sobre a necessidade de uma educação que incentive a autonomia e o pensamento crítico.
Um importante relato de experiência de Rosana Pinheiro-Machado sobre a Formação de professores na Universidade de Oxford.
Como de costume, transcrevo alguns parágrafos e deixo o link para a íntegra do texto.
Vamos então ao texto da Rosana Pinheiro-Machado:
“Quando assinei meu contrato para trabalhar na Pós-Graduação em Desenvolvimento Internacional, o Oxford Learning Institute começou imediatamente a me contatar para que eu me inscrevesse no curso de um ano de formação de professores – o que era ‘altamente recomendado’.
Matriculei-me, então, no curso, cujo resultado final era a elaboração de um portfólio de ensino que, se aprovado, nos daria o título de membro vitalício (fellow) da Academia de Ensino Superior, cujo diploma certifica que você é um professor universitário que segue os principais padrões de excelência de ensino no Reino Unido.
Na minha turma estava toda uma leva de novos professores na área de humanidades e ciências sociais (as ciências exatas tinham uma turma separada, mas o programa era o mesmo).
Mas o que, exatamente, eles chamavam de excelência de ensino?
No primeiro dia de aula, o professor nos alertou: ‘Se vocês estão em busca de dicas de técnicas didáticas, aqui é o lugar errado. Cada professor tem seu estilo. Um bom professor é o que consegue ser claro e sabe refletir sobre o seu entorno e, ao mesmo tempo, é capaz de estimular a reflexão ao seu entorno’.
O curso tinha uma metodologia tão simples como profunda. Líamos textos diversos, mas fundamentalmente os de pedagogia crítica sobre a importância de os professores refletirem sobre as relações de poder em sala de aula. A principal obra do curso era o famoso livro de Stephen Brookfield, Becoming a critically reflective teacher, que tem influências de Paulo Freire e Antonio Gramsci.
Fazíamos debates profundos em pequenos grupos sobre o papel dos professores, exercícios autobiográficos críticos (quais relações de opressão e ou emancipação que tínhamos experimentado no passado e que estávamos reproduzindo como professores?), reflexão crítica de nossas avaliações por alunos. Observamos e fomos observados em sala de aula por nossos pares (o que é muito desafiador!) e, por fim, formulamos nossos valores enquanto professores.
O curso não doutrinou ninguém. Eu era uma das únicas pessoas de esquerda na turma. Meus colegas liberais, de centro ou de direita, continuaram liberais, de centro e de direita. Mas todos nós entendemos e discutimos com seriedade as formas de opressão que existem em uma sala de aula, bem como sobre nossa atuação e clareza em sala de aula.”
Você pode ler na íntegra clicando no link:
https://theintercept.com/2019/01/22/oxford-harvard-paulo-freire-bolsonaro/