A ameaça simbólica de Lula e a Síndrome de Brian da esquerda, por Wilson Ferreira.

Gosto bastante das análises semióticas do Wilson Ferreira. Sempre é bom dar uma passada pelo seu blog Cinegnose. Dessa vez trouxe uma sobre o capital simbólico do ex-presidente Lula e o porquê de sua condenação à invisibilidade.

A ameaça simbólica de Lula e a Síndrome de Brian da esquerda

Covardia!”, “desumanidade!”, “barbárie!”. Assim reagiu a esquerda, chocada com a proibição de Lula (prisioneiro há nove meses) participar do velório do seu irmão em São Bernardo do Campo/SP. Até a ditadura militar autorizou que Lula fosse ao velório da mãe, em 1980!, acusa inconformada a esquerda. A Polícia Federal apresentou seis motivos para não conceder o benefício. Em cada um deles, está a evidência de que o atual oponente da esquerda não são mais os toscos militares da ditadura que, ironicamente, permitiam até gestos humanitários. Agora há um atento e utilitarista cálculo dos riscos na guerra semiótica: as repercussões simbólicas de Lula repentinamente aparecer em público, diante das lentes das câmeras. PF e Judiciário são mais zelosos com a ameaça simbólica de Lula do que a esquerda jamais foi – entregou de bandeja sua maior arma semiótica, agora condenada à invisibilidade. Enquanto isso, convive com a sua autoindulgente “síndrome de Brian” (relativo ao filme “A Vida de Brian” do grupo de humor Monty Python), imaginando ainda estar enfrentando os velhos inimigos toscos do passado.
Desde que os nazistas atrelaram uma sirene nos aviões bombardeiros de mergulho chamados Stuka, a guerra convencional tornou-se uma batalha semiótica. Enquanto davam voos rasantes e soltavam bombas, o indefectível uivo dos Stukas assombrava toda a Europa.
O projeto Stuka (criado pelo ás da Primeira Guerra Mundial, Ernst Udet, que trabalhou como assessor cinematográfico em Hollywood) foi uma evidência da transformação da guerra tradicional em guerra total (“blitzkrieg”): apenas bombas explosivas que causam morte e destruição não eram suficientes. Era necessário que sobreviventes carregassem para o resto das suas vidas o trauma e o horror em suas mentes – bombas simbólicas de efeito eterno. Assim como o cinema e o audiovisual.
Esse caráter semiótico de todas as guerras (desde a bélica militar até as batalhas jurídicas, midiáticas ou de propaganda) também está evidente nos seis pontos alegados pela Polícia Federal contra a autorização de Lula (prisioneiro na PF de Curitiba desde o ano passado) ir ao velório do seu irmão em São Bernardo do Campo/SP.
Estes foram os motivos alegados: fuga ou resgate de Lula; atentado contra a vida; atentado contra agentes públicos; comprometimento da ordem pública; protestos de apoiadores de Lula; protestos de grupos contrários a Lula.
Estariam preocupados com a integridade física do prisioneiro e agentes públicos? Estaria a PF tensa com a possibilidade de uma fuga espetacular do prisioneiro? Entretanto, esses seis motivos apresentados são meros álibis. A verdade está em uma outra cena: a simbólica.”

Leia o restante no Cinegnose aqui.

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