Num dia em que a mídia e as redes sociais ignoraram os 13 mortos da chacina da rua Eliseu Visconti em Santa Teresa, Rio de Janeiro, em que PMs executaram suspeitos já rendidos ( sobre esta tragédia leia aqui o texto contundente do Fernando Brito A tragédia que poucos choram: a dos meninos bons pra-bala e a reportagem do Pedro Prado no The Intercept, A guerra prometida no Rio já começou: era uma casa como a sua, virou o cenário de um massacre),
trago uma esclarecedora entrevista com um PM da ativa sobre abordagem policial, que foi publicada originalmente pela agência Pública em dezembro de 2016.
Abordagem policial é a síndrome do pequeno poder; diz PM
Em entrevista à Pública, policial diz que abordagem “é loteria” e que o “enquadro” na periferia de São Paulo é “totalmente” diferente do que na Vila Madalena.
Um policial militar da ativa contou à Pública (sob a condição de anonimato) como se dão os chamados “enquadros” na periferia de São Paulo.
Segundo o PM, a corporação não trabalha a mente do policial para o serviço. “É subjetivo, não dá pra falar que todo policial vai humilhar, vai bater. Cada abordagem é uma loteria. Às vezes, você é abordado por três policiais e cada um pensa diferente; às vezes, você pode responder algo pra mim e eu achar legal, mas meu parceiro não. Aí ele começa a querer te pegar nas ideias. Te pegar na orelhada. Se ele se sentir ofendido, ele vai te bater. É a síndrome do pequeno poder.”
O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) na cartilha Abordagem policial, lançada no início do ano, explica que a PM não pode parar alguém por estar na periferia, pela cor da pele, orientação sexual, gênero ou pela forma como está vestido. Mas a realidade é outra para o entrevistado. “A polícia na periferia é igual rato acuado: qualquer coisa que se mexer ele vai atacar. Então vai ter um tratamento diferenciado do que na Vila Madalena”, afirma.
Em 2015, a Polícia Militar do Estado de São Paulo fez mais de 3 milhões de abordagens na capital, algo como 255 mil por mês, 8 mil por dia, 300 por hora, 5 por minuto. A informação, obtida da Secretaria de Segurança Pública (SSP) via Lei de Acesso à Informação, indica que o procedimento se concentra, sobretudo, nas zonas leste e sul, com mais de 67% das abordagens.
Para ler a íntegra da entrevista clique aqui.