“Se por vezes parecemos preferir a justiça a nosso país, é porque nós queremos amar o nosso país unicamente dentro da justiça, tal como queremos amá-lo na verdade e na esperança.” (p. 40). “Vocês já não distinguem coisa alguma. Estão reduzidos a um impulso. E combatem agora apenas com os recursos da ira cega, mais atentos às armas e aos golpes de surpresa do que à ordem das ideias, empenhados em confundir tudo para seguir uma ideia fixa.” (p. 50). “Vocês nunca souberam o que era necessário implantar, mas apenas o que era preciso destruir. E nós, que nos dizemos defensores do espírito, sabemos, no entanto, que o espírito pode morrer se a força que o esmaga é suficientemente poderosa. Mas temos fé numa outra força. Quando perfurais com as vossas balas essas figuras silenciosas, já afastadas deste mundo, julgais desfigurar o rosto da nossa verdade. (…) É essa esperança vinda do desespero que nos mantém nos momentos difíceis: os nossos camaradas serão mais pacientes do que os carrascos e mais numerosos do que as balas.” (p. 54-55)
A segunda carta a um amigo alemão foi publicada no número 3 dos Cahiers de la Libération em 1943. A edição em português de onde estou copiando este trechos é CAMUS, Albert. Cartas a um amigo alemão. Lisboa: Edição Livros do Brasil, p. 37-55